segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

último dia do ano


último dia do ano

é estar no começo do fim
e à espreita do recomeço

é fechar todas as portas do não
e abrir as janelas dos sins

é sorrir independente
da lágrima que escorre

por querer
que escorra o passado
e um novo presente deságue.

Do Blog Para Ler Depois, para todos que o acompanham.

domingo, 30 de dezembro de 2012

cata vento



cata vento catou a casa
o gato e a gata catou
foi um cata cata de máscra
que o galo no dia calou

cata vento catou o canto
que um dia o sabiá cantou
catou o pisar da calçada
que até as rosa muchou

cata vento catou a estrada
a mãe e o pai do amor
tirou da madeira o tablado
das face tirou a cor

cata vento catava sonho
a fé do trabalhador
queria catar tanto o mundo
que até ele mesmo catou.

sábado, 29 de dezembro de 2012

mãe de atriz




Era uma mãe de atriz:

Chegava na cozinha e...: "- Que é isso, menina? Chorando por quê?"
Da sala sorria de volta: "- Uma hora tu chora outra hora tu rir!"
Quando se aproximava: "- Ouxe, menina, tu não tava era rindo?"

Era o dilema da mãe da atriz.




sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

alcoviteira


A vida
é um alcovitar
de felicidades alheias...



Imagem: Filipa Sottomayor (rasgo.wordpress.com)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

religion sex


Sexo
no pecado é sábado.
É sábio
e no-iê é sagrado.

Imagem: livre pesquisa Google.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

eu homem



Quando na cama comigo,
você me faz sentir homem
rodeado de mil mulheres
dançando nuas pra ele.














Ilustração de Carlos Zéfiro

sábado, 22 de dezembro de 2012

a casa




os brinquedos estão todos espalhados pela casa
a casa não está varrida
para deixar a casa varrida
é preciso recolher os brinquedos espalhados pela casa
e a casa ficar limpa
até a criança brincar e cansar e ir dormir deixando os brinquedos espalhados pela casa.
e a casa é a gente
e a criança é a vida
todos os dias a casa é preciso ser varrida
pra que a criança brinque.

Imagem:  Brinquedos são vistos espalhados no chão de uma antiga creche na cidade abandonada de Prypiat, Chernobyl.



prato frio

Não importa a graxa da carne
o arroz
é frio.

Não importa a intensidade
a vingança
é fria.

E eu como arroz
que é o que vinga.


poema

Eu desaprendi a escrever poemas.
























































Eu desaprendi a escrever poemas?












































Eu desaprendi a escrever poemas.































































































































































terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Beijo da Morte


E a vida ficou tão prática que até esqueci quando o beijo
foi beijo roubado.


Beijo da Morte, por Wallace Martins - espetáculo Mercado da Zero Hora, Zecora  Ura.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

caber e sair



Não me reprima desse tempo sem-tir,
eu 
que sofro de sensibilidade exacerbada, 
preciso de um tempo
pra caber em mim
e
sair.




Imagem: Bhavesh Patel

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Reconstrução



Me destruo. Pra me reconstruir.




Recomeço



Me desconheço. Pra me reconhecer.




Estranho-me

Não ficaria sem voz assim
Nem sem saber por onde começar ou como agir!
Eu não me permitiria mesmo me entregar
Noutro tempo? Ria de mim... ria de mim!
E não querer que te vás? Ah, conta outra...
Estranho-me.
Sufoca-me a ideia de me ver assim!
Afogame-me estar assim!
Mas meu bem, isso não vai vingar
Tu não te vogas em mim
Não cabes
Não me continua!
Não há eu em ti.
Não se preocupes, te mandarei sândalos
p'ro machado que o feriu...
E quanto a mim?
Ah, eu não sobreviveria a isso sem mim
Amanhã irei acordar e lá estará você: folhetim.



Enquanto houver empate

Ele: - Quanto mais te odeio, mas te amo!
Ela: - Quanto mais te amo, te odeio mais!

Ele e Ela: - No fundo mesmo? Nos odeiadoramos!!!


...




domingo, 9 de dezembro de 2012

oração-promessa

Que 
eu 
não 
tenha 
mundo 
nas 
mãos. 
Que eu tenha as mãos no mundo.



Imagem: livre pesquisa Google.



O deus sou eu?

Se eu sou um deus então quero saber até onde vou com esse poder. Mas quero para o bem. Não de forma destrutiva por ter o poder de pensar infinita-mente. Quero ser grande, do tamanho do mundo, do tamanho do planeta, do todo e de tudo! Já que é isso que o homem quer tanto ser, ou melhor, ter. Mas quero me aproximar tanto da Natureza, mais tanto, a ponto de ser - de novo - ela mesma. Ah, mas já não somos Natureza? É... o homem ficou tão grande, tão poderoso e tão deus, que sempre me causa estranhamento dizer que ele ainda é Natureza.

Imagem: livre pesquisa Google



Espiritualidade


                                                                                                                          Imagem: livre pesquisa Google

Se abrir para espiritualidade é abrir não só o portal sagrado da força, luz e sabiedade de que precisamos. Vêm as trevas também pra que vivamos no risco, busquemos equilíbrio e por fim, os males, que não estão nada felizes com isso...

Lágrimas




São tantas lágrimas que não sei mais se é tristeza ou alegria.




sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

tu, fotografia




EU
VEJO 
VOCÊ 
EM 
CADA
POSSIBILIDADE
DE 
FOTOGRAFIA.




quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

anestesia


minha anestesia é você
o que me deixa crua e fria
a ponto de não saber chorar

a verdade é dura e só
e não quero mostrá-lo 
a estampa que ficou 

descascada
fisga-me e espanta 
o descasco na cara

e eu sigo
dobrando todas as ruas 
à carne dura
que a estrada sem curvas
meu bem,
me inebria: é você.





Escrever

"Escrever é igual foder. Só os amadores se divertem. Ou você já viu uma puta dando risadinhas por aí?" 

(Hunter Thompson)

Opa! Foi o que encontrei no blog do Guilherme Ramos, e citação perfeita para definir o meu motivo de escrever. Amadoramente. Para ser mais feliz e sim, dá risadinhas por aí... 

Você

Você me

des,
,
,
,
,
,
,
,
,
,
con !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ti

.............................................. nu-ou !




e eu acabei.




segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

tronco

Meu corpo é feito para a carícia e o abandono

- tal Árvore-Mãe recebe seus peregrinos entre as florestas...





Tal Árvore-Mãe recebe seus peregrinos entre as florestas,

meu corpo é feito para a carícia e o abandono.

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Oração ao amor

Eis que Desatino do Norte e Desatino do Sul
se encontrarão amanhã.

- Que nada se perca no meio do mundo.





domingo, 25 de novembro de 2012

qualquer coisa tua

que seja
a coisa da tua lista de coisas a se desfazer
sendo tua
que fosse

corte o caule, coca-cola


beba coca-cola
babe a cola coca
beba o calo e cale
cale o caco e beba
loca coca beba
coca-cola, cale!

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Ser de ir

Possível será resistir
Difícil será convencê-la
                              [mulher macho e festeira]
que sou de ir
chegar
e indo continuar.

Não de ficar. 
Cumprir o dever de ficar, 
                              [senhorita]
feito a mim ainda não.
Que vivo a lugares que em mim
nunca me chegarão.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012





precisar ir
não poder chegar
pior é ficar.




quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Economia solidária


-Boa noite, meu filho.
-O senhor não está vendo que estou ocupado?

Gasto: 8 palavras.

-Boa noite, pai.

Não-Gasto: 3 palavras. No mundo da economia, que tal economizar assim?



(imagem: livre pesquisa google)

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Talvez

Talvez eu durma
isto é
Eu vou virar lado a lado a noite inteira na cama

Talvez eu volte
isto é
Eu deixarei para trás até meus CD's de Lenine

Talvez eu fale
isto é
Eu vou ficar calada até que qualquer catástrofe

Talvez eu envie
isto é
Eu vou demorar meses até não mandar seu e-mail

Talvez eu espere
isto é
Eu não vou ficar parada nem um minuto sentada

Talvez eu seja
isto é
Continue tentando me descrever talvezes...


segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tétola e Prás

Tétola + Prás
ou
Pétala e Paz?
Pétalas da Paz
Traz!
Déborah e Braz:
Abundância de amores no amor já unido.
Uno. Pré-unidos antes mesmo de unirem-se.
União intuitiva do casal? Uni-sinfonia quando falam! Unem pétalas de amor e paz.

Em pazes com um amar que nunca verás...


(Para Déborah, quando fala poeticamente na voz infantil que conversam ela e Braz... minha forma de desejar felicidade e mais!)

ofício ou não?


não acho que escrevo poesia. aliás, parei de achar qualquer coisa. prefiro acreditar que falo poeticamente. se veem poesia no que escrevo é porque conseguem ver quem eu sou. escrevo porque falando sou inevidente, intraduzível, esquisita mesmo. escrevo e nem por isso considero-me escritora, poetiza. nem quero considerar-me essas coisas. nem quero publicar livros. não quero vender minhas palavras. quero sê-las. pois somente assim é que estarei sendo em mim eu mesma. assim, repetidos trocadilhos mesmo...




Depois da festa

Não é só a casa suja que sobra um dia depois da festa.
Vem o sabor do bolo, agora sim, apurado e gostoso - como réveillons de outrora...
Os docinhos, agora menos enjoativos, provocam no paladar um sentir de sorriso.
E os risos de ontem, hoje envolvem-se como fossem glacês, grudados em todo o corpo.
Um riso todo, de todas as crianças, percorre agora por entre a casa: pedaços de balões no chão...
E eu limpo a casa Ágora que está deixando outroras, passos de meninos a pular.
De fato, é mais que uma casa suja que de uma festa sobra.



(imagem: livre pesquisa google)

terça-feira, 30 de outubro de 2012

meu primeiro poema de fim II





vi-te.


não fez-se disso um poema de fim.




amo-te meu ódio

odeio-te,meu amor
e te mandaria ao inferno não fosse ele tão longe assim!

- pois te quero perto de mim...



terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ser


Não se preocupes em ser.
Pior que eu não serás.
Eu coleciono nuncas,
sempres

Talvezes eternidades

e  o resto verás.





(A imagem é do curta Signs.)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

amar-te

amar-te até amanhã
e depois de amanhã também
e depois de todos os amanhãs que vierem.

- não importa o anti-romântico.

amar-te.






domingo, 14 de outubro de 2012

primeiro poema de fim







meu primeiro poema de fim:

ver-te.

aí sim, terei a certeza.









sou - ninguém é, estou sendo - assim mesmo.


 Foto: Gilson Vilela

É isso que você ver. Eu não tenho medo de perguntar, de falar, falar alto, de gritar, de cantar desafinado, de sentir, nem de deixar isso bem demonstrado, de fazer o que quero, na hora que quero!, de correr no meio da chuva, de errar as palavras, de estar feia, me desarrumar inteira, de ligar pra dizer nada, de mandar mensagem, dá atenção, ligar antes que você ligue, de ir na tua casa, de por uma noite, ser tua namorada, eu não tenho medo, não! É que eu não tenho medo de SER, sabe? É que eu vivo querendo ser algo. Vida seria mais simples se já soubéssemos que missão primeira temos que cumprir. Mais mais fácil, menos vida. Mas enquanto ela não vai dizendo nada, eu vou sendo, certo? Se te incomoda, só sai da estrada. Eu te direi obrigada.




da existência e suas dores


Ser humano cansa, sabe? Ser humano não é fácil.Todo dia a gente tenta ser mais humano. Todo dia a gente tenta melhorar esse ser que nos é, nos materializado por fora. Corpo com alma dentro pesa. É uma grande responsabilidade, na verdade. Tem dias que dói tanto e a gente pergunta em vão o porquê. Isso é existir. Trazemos traços carregados de antepassados e por isso ficamos fracos.  Parece que uma hora vai explodir e voar pedaço pra tudo que é lado. Só que esse pedaço já fica por onde a gente passa. Passa e traz consigo o que estava onde foi passado. A gente é ímã de energia dobrada. Tem dias que o elétrons fazem uma festa e disparam uma carga daquelas, bem difícil de resistir. E resistimos. Lutamos e conseguimos. E todos os dias abrimos os olhos e pensamos: como é difícil descer da cama e viver um dia... Ai, às vezes, eu queria navegar... Adoro estar acabada de cansada   e ao deitar, fechar os olhos por mais de doze horas seguidas! E quando acordar sem sair de casa para nada, não falar com ninguém, não ouvir nada, meu aquário... eu tenho um. Todo mundo precisa de um. É aquela imagem da Cindy, quando vai ao mundo marítimo do Bob Esponja. É isso: momentos de silêncio, sono profundo, surdez provocada, é simplesmente, ligar o carregador na tomada e alimentar a bateria. Cada um tem seu truque, eu que tenho a sensibilidade exacerbada preciso disso quando estou de alma cansada. E mais um pouco quando me sinto nada... e eu fico pensando: quantos gritos será que meu silêncio tem?





"Às vezes é preciso dormir, dormir muito. Não pra fugir, mas pra descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a sensibilidade exacerbada sabe quão difícil é engolir a vida. Porque tudo, absolutamente tudo devora a gente. Inteira."

(Marla de Queiroz)

recado a quem não chegou


Pensando que a gente podia se encontrar.

Em qualquer lugar que não espero - ninguém espera;
Como o ponto de ônibus, pra onde olho e brigo: “Ninguém encontra o amor de sua vida em um ponto de ônibus.”
 Foto: Curta Signs
E a gente se desse bem, independente de a gente não se dá bem.
E apesar de não gostarmos de fazer amor do jeito que o outro propõe, fosse um ensinando o outro.

Um dia se aprende que amor é gozo e não há outro.

E aí, a gente confiaria nossos segredos, sem medo, sem julgamento. Pra que a gente pudesse ser, sem medo de ser pro outro.
Sem essa de inferno ser o outro. Sendo.

Vez em quando marcar de não fazer nada. Ficar só ficando.
Vez em quando brigasse. Mas não sofresse com isso. Fosse briga boa e necessária.
Ao invés de briga não boa, conversasse aquela conversa chata que ninguém quer conversar.

E ouvisse muita música juntos! Cantasse alto e desentonado comendo morangos com chantilly e mais um ingrediente que fizesse o prato virar gororoba. Que a vida precisa disso.

A gente não perderia uma sessão de cinema só. Pra que o outro tivesse liberdade e na próxima, naturalmente, convidasse o outro. Mas na nossa ida, não faltasse o passeio na feira do artesanato e o acarajé da baiana. Cabelo no vento, livre arbítrio.

A gente podia se conhecer, inclusive, logo. Para que as outras coisas vivêssemos na prática. Simples, consciente e amando. Como amamos agora.

E não sabemos.

Não sabemos tanto que parece até um amor de amar todo mundo que nos aparecesse, e por esse amor ser sentido anteriormente, adaptamos toda uma vida em prol daquela e no fim:

despedida.

E a gente vai se perdendo um do outro em cada uma dessas despedidas. O medo é a gente se afastar totalmente. E impedir mais ainda esse encontro. 

É que todas
essas pessoas,
que não é você,
que não sou eu,
leva um pedaço que a gente vinha guardando. Uma surpresa, um filme, uma lingerie! Ou até mesmo aquele poema que a gente guarda em si pra si.

Então não vou desistir. E penso que você também não deve.

Tá, vez em quando eu faço essas desistências. E volto pra estrada porque você, em algum lugar me fala.

Então, apesar de nunca mostrar a ninguém a minha geladeira, eu vou deixar esse recado colado nela pra que você veja. Mas quando você chegar, não pensa que é regra, não. É só um recado de geladeira...

Pensando que quando você chegar, vou deixar de ser recado de geladeira...

sábado, 13 de outubro de 2012

autoajuda para todo o mundo

todo mundo tem problemas por ser todo mundo o mundo
magro
claro
alto
e escuro
sim todo mundo
gordos (é assim mesmo que se chama?]
negro [?é assim mesmo que se chama)
sim mensagens de autoajuda para todo mundo
ajudam alto a ajudar algum preço alto de um bolso imundo






(Homenagem ao intelectual mais importante do Brasil: Paulo Coelho)

meta


ensinar e aprender.
aprender e aprender.
aprender e ensinar.
para que

OUTRO

se não
partilhar
com
partilhar
com
dividir
com
trocar

?                              
                                         
- principalmente: nunca descansar.







retirar os personagens da parede...





Retirar os personagens da parede é se desnudar passando antes rente à pele as personagens que vesti. Ficaram todas aqui, mesmo sendo a pasta o fim das que não estão no espetáculo e todos os núcleos. Há que se guardar o que não se expôs, mas, viveu. E o que viveu não há poeira que apague. E mesmo entelhada as teias de aranha por sobre cada folha A4, o entelho das personagens que hoje faço somente são devido a todas, que me fizeram. Elas a mim, eu a elas. Retirar as folhas da parede é se vestir e revestir-se, desnudando.




Foto: Vanessa Elisa

(O espetáculo O Breu da Caçupemba - direção de Eris Maximiano - não partiu da dramaturgia pronta. Os personagens eram levantados no tablado e registrados num quadro de três núcleos (cidade, cabaré e política), na parede da sede da Cia Fulanos ih! Sicranos. Em quase um ano de processo, foram levantados uma média de 18 personagens por ator, além das 2h de música autoral e mais ou menos 4 horas de espetáculo! É aí, pedimos reforço a Nilton Resende que costurou e finalizou a dramaturgia... rsrs Esse é um momento de ao faxinar a sede, os personagens em folha A4 serem por mim, retirados da parede. Quer saber mais? http://migre.me/b8DzT)





barulhento e genioso

Engraçado é como os instrumentos se vingam quando não cuidamos deles, não acariciamos. São tantos que acabamos por não dá a atenção devida que eles merecem. Porque tem a musicalidade, as cenas, a voz, e tantas cositas mais... Mas como são ciumentos os instrumentos musicais! Vaidosos, se põem em vitrine e disputam sua adoção, querem ser únicos.
Quem mais se vinga de mim é o xequerê. Eu sei que tenho que entrar no tempo, acompanhar a zabumba, que a percussão é a alma e tal's! A teoria fica, mas o ir é a gente quem faz.
Pois um dia parei de fazer pois, vendo tantos erros repetitivos tirei só para olhar o xequerê. Tocava-o rente a pele do meu rosto e tentava  conversar mesmo com o instrumento ao meu lado. Eu sabia que era isso que ele queria. Como pode ser tão delicado esse barulhento? Como pode vir tanta paz desse barulho arretado?
Agora já sei: se vingou me vingo também. Dou carinho e pronto aos meus meninos instrumentos musicais! E se eu esquecer disso, avise-me alguém além deles! Porque se dividir nessa relação mútua/instrumental é cada vez alma: delicadeza, até quando é forte o toque que tenho que por. Pois então, ao ritmo "aprendizado" de ser: é força mas é paz! E como diz a Vanessa Elisa: o xequerê é um barulhento e genioso! E é mesmo... tal eu.

(15 de Março/2012. Prestes a estrear O Breu da Caçupemba - direção Eris Maximiano -, um espetáculo desafiador, onde tive que caída de paraquedas me iniciar na Música. Foto: Vanessa Elisa.)


os diretores

Os diretores deviam ouvir mais seus atores. Eles se acomodam por estarem vendo de fora e dizem: "Não me pergunte, faça.", quando esquecem que eles podem ver de fora e ter uma visão mais apurada, porém, quem vive a situação é o ator. Situação esta que o diretor premeditou somente, imaginou, mas não viveu. E mesmo que tenha vivido, o ator é um outro vivendo. Um outro ser que imprime outro sentido. É preciso perguntar sim, e obter resposta sim, resposta no sentido mais amplo. Caso contrário, o ator fará aquilo que não sente, a expressão triste do sentimento de tristeza que não sentiu. 








(Foto: Gilson Vilela. Íris Serrano no espetáculo Nós Nus e o Outros - 2010. Ainda ruminando as vivências do mini curso de cinema O Ator Imaginário, com Christian Duurvoort - Inesquecível.)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

a reforma



a reforma acabou
e foi pra crescer a casa
mas vai ter que cortar é a mesa
a casa descaminhou
descreceu, desandou
e eu tenho cá com eu
que quando a gente elege gente nova
fica que nem que nem 'sa reforma...







teus cadernos

teus cadernos
todos escritos à mãos.
e tuas mãos
não sabem se livrar dos cadernos.
e os cadernos
preenchidos até a penúltima folha
viram multidão.
gritam teu nome
- que é o nome de tuas mãos.
gritam em tua casa
até que reformes tua casa.
para maiores e mais novos
cadernos cárceres.
voltem a ser das tuas letras.
abrigo.






(sobre os cadernos de Felipe Benício e a reforma da casa, a qual tenho certeza que foi devido ao excesso de livros e cadernos.)


hoje

aquilo que antes era flores no estômago hoje é geladeira.








oração

que esse ano,  - de sândalo

acabe.








(reflexão do dia 1º de Janeiro, onde após os fogos de artifício que brindava o 2012 um vento forte me trazia às narinas um cheiro enorme de sândalo, que só eu sentia. No outro dia, o primeiro motivo para sândalo. No outro dia, e desde então...)

eu, homem a mim: delas

arrumei mulheres a quem pudesse mandar flores, crônicas carpinejares, reforços de suas silhuetas... tudo o que gostaria de ganhar pra mim. só para que nelas provasse o sabor de recebê-las. e vê-las, e naquele instante tê-las, como um homem me tivesse ali. sendo eu mesma o homem que seria a mim, sendo delas...









terça-feira, 9 de outubro de 2012

certeza

e eu dizer com tanta certeza que a gente ia se ver novamente. sem saber onde, como ou se nessa vida. só a certeza...










domingo, 7 de outubro de 2012


Conectar-se à internet

é tropeçar numa pedra, bater com a cabeça no asfalto e ver abrir todas as gavetas que guardam ideias em nossas cabeças.

- memória curta.


Imagem: Marketing de Guerrilha, Google.


(reflexão a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)

o cartão

ele criou um ódio mortal do invisível cartão. tão mortal, que nunca mais me levou a sair. me restou então fazer convites invisíveis somente a mim...








do aborto

Do aborto:

- ser órfã do próprio filho.




(reflexão a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)

Triste

Malfadada
Funesta
Destitosa
Farta
Lúgubre e Infausta

- Tristeza farta é quando a palavra falta.




(reflexões a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)

amar


por que te assustas se te procuro
te beijo e só te quero beijar
me doo porque me quero doar
por beijar, por doar

por que te assustas se digo te amo
te amo e só te quero amar
por dizer, por amar
sem o também vir a ser
ou qualquer que estiver a esperar

amar e somente amar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

E come e dói-me deixar um poema pra fazer depois...







A ideia é ideal e eu ideiolizo assumida.







pra fazer desaprendices é preciso ser especialista em aprender








Queria saber o que estamos fazendo pra impedir que passemos 12 horas em uma fila que nos dê o carimbo de trouxas, eleitores alienados dando asas ao próximo que levará essa falsa democracia por mais algum período de roubo.
Queria saber o que estamos fazendo quando dentro do Estado em que vivemos não há nenhuma forma de incentivo à arte que praticamos mas típico apadrinhamento.
Queria saber o que estamos fazendo frente ao professor que nada sabe e tudo aplica e ao que sabe o que está fazendo além de infames greves que já não dizem nada.
Queria saber o que é greve e qual língua fala.
Queria saber qual é o papel do artista na sociedade e o que ele acha disso.
Queria saber o que estamos pensando deste e dos outros séculos que virão.
Queria ver o que é cidadania, respeito, humanidade e justiça.
Queria saber se estamos pensamos sobre tudo isso.
Queira saber se ao menos pensamos.
Queria saber porquê estamos falando tanto!
Metade
Da dor
É você.








E o que dizer dos amantes?
-Feitos para cometer erros.







Meus olhos. Fujo ou ataco.
- Com eles.








Por onde há estradas.
Ou até por caminhos sem elas.
Ando e não paro.








terça-feira, 2 de outubro de 2012

bicho andador

bicho andador dentro em mim
bicho anda dor adentro
bicho em mim que sou bicho

o bicho andador dentro em mim, parado não para. parada eu belisca a mim. corrói-me as paredes do quarto, do quadro e do quintal do tórax. chora. corre. circula meu sangue. anda em mim.





(reflexão a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)


a ponte

existe uma ponte sendo construída de dia para ser destruída à noite. destrutiva que é.
existe o outro dia de ré. reconstroem-na de dia e destroem na noite. desautores que são.
existe o faz. existe o reclama. e existe o lama. 
o outro que existe anda. em círculo, quadrado que é.
e a ponte?






(reflexão a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)

a janela

a janela do lado de fora do Hotel Marambaia me fazia sorrir para fora o chorado lá dentro. E eu seguia, sol de bom dia, leite morninho; dia seguinte que sou.








terça-feira, 25 de setembro de 2012

Eis que começa o começo após ter começado,
e o agora já sido outrora é que emana.
Vícios de começo enganam.
Não sair deles cansa.








sábado, 22 de setembro de 2012

Um dia sem te ver
Um ano sem te amar

- quem dera fosse.
- quem dera soubesse esquecê-lo.











Chumbo. Ano de.

Rastreado
tudo eles sabem?
O que eles fazem com você?
E o que você faz com você?

Rastreado, sem agasalho, seguindo só e parado.
Faixa de ouro nos dedos. Trabalho forçado.
Fingido e calado. É assim que te aproam?
Treinamentos de quê? De fugir de você?

Eventualmente
é assim que mentem?
O que eles dizem a você?
E o que você diz a você?

Estranho, bizarro, bonito, bem calculado.
Triste de ver. Não te ter. Nem você.
Nem liberdade. Despedida. Viagem.
Você pode ir na janela. Lê você!







segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Ler

entranha no

entre-

a doer

Ler em mim

ou em você?

Não saberia, o verbo ficou sem querer.

-linha.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Sumiço

Pois que a covardia
é um puro sumiço de.

E o sumiço
uma pura covardia.







quinta-feira, 30 de agosto de 2012

velho sono





Aquele velho sono de si.
De ser.
Bate à porta e torna a bater.
Enquanto a arte dorme.
Aquele velho insone de ser, de si, ir e viver.
Volta a bater e bate em você.
Que a arte dorme.






quinta-feira, 23 de agosto de 2012

o tempo e eu

O tempo passa

e eu vou


Com ele passo

ou ele para,

e eu vou?

O tempo e eu 

vamos passando

q'eu sempre vou...

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

A porta aberta [.?!]

Existiria entre nós uma porta aberta [?]
Pela qual ninguém nunca passou [.] (?)

Passará a porta?
Se até hoje ainda há lá-r (!?)

Passaremos nós por ela [?
Tornaremos nós-resposta o endereço a estas?!]







Experiência

0

O que vale?

De que serve?

Para quê? Quem? 

Ela

de que serve?

A quem serve?


Com quantos anos?

Em quanto tempo?

Com que vida?


De que serve a experiência 

se a prática, 

esta!

- não é aperfeiçoada?

Pois se arma não usada, 
não mais é arma.
 
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