terça-feira, 10 de novembro de 2009

A Garrafa




Quando eu era criança e ia à praia levava uma garrafa comigo a fim de trazer o mar dentro dela.
E quando no mar eu entrava e sentia aquela água gelida percorrendo o meu corpo quente, não mais queria sair. Queria pular cada onda, mergulhar profundo, deixá-la passar por cima de minha cabeça.
Enquanto pisava no solo e sentia-o massageando meus pés, a vontade que tinha era a de deixá-lo levar-me. Mas não podia. Não podia ser levada às profundezas. Não podia me entregar ao mar, mesmo sendo tudo o que eu queria.
Então, achava que a garrafa poderia trazê-lo para dentro de mim: enxia-a d'água e praia e ia embora com ela.
Mas um oceano saía dos meus olhos cada vez que a olhava e percebia que o mar era bem maior.
Sentava encolhida no canto do quintal, abraçava a garrafa ao meu corpo, olhava pra lua, fechava os olhos e mais uma vez estava eu à caminho do mar. Dessa vez, não era para trazê-lo comigo e sim, para jogar a garrafa à ele, a fim de lembrar que o mar não foi feito para ser levado comigo e sim, para que me leve com ele. Até suas profudezas...


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