quarta-feira, 27 de junho de 2012

Quão revolta é a vida em idas e vindas
altos e baixos
nua e longa caminhada
São estardalhaços que se chocam
Feito mar tudo revira, tsunamis
destruindo as construções
que demoramos.
Como se fosse esse o jeito de a vida respirar.
De repente as avalanches
as tempestades que erupcionam devaneios
que sempre criamos rapidamente.
E ainda as vezes que achando que foi o Sol quem veio
são na verdade furacões, tornados, terremotos - ao mesmo tempo.
Depois tudo acalma. E não acontece nada. Feito o poema que tu agora lê.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Um banho, um filme, uma sorte.

Um banho depois de um dia carregado de trabalho.
Um filme para vê-lo no acolchoado sofá do braço.
E a sorte de começar a
 c
 h
 o
 v
 e
 r
lá fora.
Assim chora junto a lágrima que corre agora.
Um banho, um filme e quem sabe uma sorte aflora?

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Como se o que era, fosse

Como se fosse um cansaço
envolvendo as paredes do quarto
e do estômago invólucro ulcerado
encerando formatos.

Como se bem reparasse
tratava um ébrio estado de acostumar-te
guardando a fome pra mais tarde
como se o adiasse.

Como se na calada da noite
os ouvidos a pés se falassem
e no fim não se dissesse nada
era o silêncio mais grave.

E escrevendo com tempo marcado
marcasse inverno com dor arraigada
gritava quadrilhas no inverno em fumaça
e a fome só aumentava.


domingo, 17 de junho de 2012

Meu olhar saiu da toca
Te comeu, te assanhou
Depois só eu.







sábado, 16 de junho de 2012

Moça,

Vou dormir com cachos à soltas, moça
-que meu prendedor se foi nas tocadas caladas das noites cachaças.
Ou será que deixei em tua casa?


                                                        Vou bebendo água peneirada
                                  vendo feliz o coacho dos sapos,
                                  girinos gris da infância curada.

Moça, dóem-me assaltos.
           que leva em tese
pedaços da couraça que um dia protegeu sem leis
esse coração desmiolado...
                                                                                    E não é que chove agora? E sopra, e sopra aquele                                      

                                                            vento de aurora! Primaverando aquelas que eu cresci desenhando pra contar histórias.
[outrora]

ô, moça, você pode me dizer a hora? Que volta? Que acontecimento acontece agora. Nesse tempo que

[que eu
não
sei
de
nada]

É teu acenar que vejo

indo

se despedindo

um sorriso, um tchau

                                                         moça do tempo... sopra um sonho bonito nos meus cachos quando eu                        

                            deitar pra acordar,
                                             desse sonho lindo.


infância

quem dera fosse o que fosse
o que Deus quisesse
o que o tempo passasse
e o calor da moeda.

quem dera amolecesse pedra
da vela não morresse inseto
e o mar na frigideira formado
fizesse roda, redemoinho de filme cantado.

quem dera não voasse papel manteiga
e o papel de carta lacrimejado não
pintasse as telhas da casa inteira
o magoado do joelho enviezado
tirasse da tinta a dor de dentro.

quem dera infância velha fragilizada
ainda assim não acabasse
-infância adulta é menos coagulada.

o amargo


Amargo
Vê o copo em estilhaço
Lembra do corpo ressacado
que cortado o afago foi-se
Calado
Vê a estrada e a incrédula pátria
Pensa no filho e na sorte que outrora afora fora
Rejeitados
e vai-se, enojado o enjoado
vômito na língua
à míngua de um trocado
e segue amargo, calando adentro o copo rejeitado.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

quantos querem

dos mal me quer
que me querem
quantos será que são?
de antemão
quantos são?
dos bem me quer
que outrora
quis ser noutra mão,
quantos não será que são?
quantos sobraram sãos?
dos que foram querer
e voltaram sem tê-lo
quantos serão que vão?
ou não vão?
dos que viram, falaram, riram
quantos cegos será que verão?
quantos são?
quantos quereram queres?
quantos quereram nãos?
nenhum não, nenhum são
todos querem, poucos são os que vão.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Teu



Teu barulho de páginas me revira
Tua dedilha na viola me concerta
Tua fumaça de cigarro me desenha
Teu suor na testa me consome
Tua lida em meu poema me apagou.



sexta-feira, 1 de junho de 2012

Ser

Que dói mais?
o ar, quando condicionado
ou a falta dele resfriando a casa?
Que falta maior faz?
o corpo, quando se sai dele
ou quando à alma sobra-lhe ao corpo?
Dói ser.
Ser é adoecer e
ao estar bom voltar a doer.



Em última hipótese

De tanto cair levantar
Tentar, retentar
Labirinto ainda
sem saída
sem como se desdobrar.
Eros e Psique,
e o segredo a desvendar.
 
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