terça-feira, 30 de outubro de 2012

meu primeiro poema de fim II





vi-te.


não fez-se disso um poema de fim.




amo-te meu ódio

odeio-te,meu amor
e te mandaria ao inferno não fosse ele tão longe assim!

- pois te quero perto de mim...



terça-feira, 23 de outubro de 2012

Ser


Não se preocupes em ser.
Pior que eu não serás.
Eu coleciono nuncas,
sempres

Talvezes eternidades

e  o resto verás.





(A imagem é do curta Signs.)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

amar-te

amar-te até amanhã
e depois de amanhã também
e depois de todos os amanhãs que vierem.

- não importa o anti-romântico.

amar-te.






domingo, 14 de outubro de 2012

primeiro poema de fim







meu primeiro poema de fim:

ver-te.

aí sim, terei a certeza.









sou - ninguém é, estou sendo - assim mesmo.


 Foto: Gilson Vilela

É isso que você ver. Eu não tenho medo de perguntar, de falar, falar alto, de gritar, de cantar desafinado, de sentir, nem de deixar isso bem demonstrado, de fazer o que quero, na hora que quero!, de correr no meio da chuva, de errar as palavras, de estar feia, me desarrumar inteira, de ligar pra dizer nada, de mandar mensagem, dá atenção, ligar antes que você ligue, de ir na tua casa, de por uma noite, ser tua namorada, eu não tenho medo, não! É que eu não tenho medo de SER, sabe? É que eu vivo querendo ser algo. Vida seria mais simples se já soubéssemos que missão primeira temos que cumprir. Mais mais fácil, menos vida. Mas enquanto ela não vai dizendo nada, eu vou sendo, certo? Se te incomoda, só sai da estrada. Eu te direi obrigada.




da existência e suas dores


Ser humano cansa, sabe? Ser humano não é fácil.Todo dia a gente tenta ser mais humano. Todo dia a gente tenta melhorar esse ser que nos é, nos materializado por fora. Corpo com alma dentro pesa. É uma grande responsabilidade, na verdade. Tem dias que dói tanto e a gente pergunta em vão o porquê. Isso é existir. Trazemos traços carregados de antepassados e por isso ficamos fracos.  Parece que uma hora vai explodir e voar pedaço pra tudo que é lado. Só que esse pedaço já fica por onde a gente passa. Passa e traz consigo o que estava onde foi passado. A gente é ímã de energia dobrada. Tem dias que o elétrons fazem uma festa e disparam uma carga daquelas, bem difícil de resistir. E resistimos. Lutamos e conseguimos. E todos os dias abrimos os olhos e pensamos: como é difícil descer da cama e viver um dia... Ai, às vezes, eu queria navegar... Adoro estar acabada de cansada   e ao deitar, fechar os olhos por mais de doze horas seguidas! E quando acordar sem sair de casa para nada, não falar com ninguém, não ouvir nada, meu aquário... eu tenho um. Todo mundo precisa de um. É aquela imagem da Cindy, quando vai ao mundo marítimo do Bob Esponja. É isso: momentos de silêncio, sono profundo, surdez provocada, é simplesmente, ligar o carregador na tomada e alimentar a bateria. Cada um tem seu truque, eu que tenho a sensibilidade exacerbada preciso disso quando estou de alma cansada. E mais um pouco quando me sinto nada... e eu fico pensando: quantos gritos será que meu silêncio tem?





"Às vezes é preciso dormir, dormir muito. Não pra fugir, mas pra descansar a alma dos sentimentos. Quem nasceu com a sensibilidade exacerbada sabe quão difícil é engolir a vida. Porque tudo, absolutamente tudo devora a gente. Inteira."

(Marla de Queiroz)

recado a quem não chegou


Pensando que a gente podia se encontrar.

Em qualquer lugar que não espero - ninguém espera;
Como o ponto de ônibus, pra onde olho e brigo: “Ninguém encontra o amor de sua vida em um ponto de ônibus.”
 Foto: Curta Signs
E a gente se desse bem, independente de a gente não se dá bem.
E apesar de não gostarmos de fazer amor do jeito que o outro propõe, fosse um ensinando o outro.

Um dia se aprende que amor é gozo e não há outro.

E aí, a gente confiaria nossos segredos, sem medo, sem julgamento. Pra que a gente pudesse ser, sem medo de ser pro outro.
Sem essa de inferno ser o outro. Sendo.

Vez em quando marcar de não fazer nada. Ficar só ficando.
Vez em quando brigasse. Mas não sofresse com isso. Fosse briga boa e necessária.
Ao invés de briga não boa, conversasse aquela conversa chata que ninguém quer conversar.

E ouvisse muita música juntos! Cantasse alto e desentonado comendo morangos com chantilly e mais um ingrediente que fizesse o prato virar gororoba. Que a vida precisa disso.

A gente não perderia uma sessão de cinema só. Pra que o outro tivesse liberdade e na próxima, naturalmente, convidasse o outro. Mas na nossa ida, não faltasse o passeio na feira do artesanato e o acarajé da baiana. Cabelo no vento, livre arbítrio.

A gente podia se conhecer, inclusive, logo. Para que as outras coisas vivêssemos na prática. Simples, consciente e amando. Como amamos agora.

E não sabemos.

Não sabemos tanto que parece até um amor de amar todo mundo que nos aparecesse, e por esse amor ser sentido anteriormente, adaptamos toda uma vida em prol daquela e no fim:

despedida.

E a gente vai se perdendo um do outro em cada uma dessas despedidas. O medo é a gente se afastar totalmente. E impedir mais ainda esse encontro. 

É que todas
essas pessoas,
que não é você,
que não sou eu,
leva um pedaço que a gente vinha guardando. Uma surpresa, um filme, uma lingerie! Ou até mesmo aquele poema que a gente guarda em si pra si.

Então não vou desistir. E penso que você também não deve.

Tá, vez em quando eu faço essas desistências. E volto pra estrada porque você, em algum lugar me fala.

Então, apesar de nunca mostrar a ninguém a minha geladeira, eu vou deixar esse recado colado nela pra que você veja. Mas quando você chegar, não pensa que é regra, não. É só um recado de geladeira...

Pensando que quando você chegar, vou deixar de ser recado de geladeira...

sábado, 13 de outubro de 2012

autoajuda para todo o mundo

todo mundo tem problemas por ser todo mundo o mundo
magro
claro
alto
e escuro
sim todo mundo
gordos (é assim mesmo que se chama?]
negro [?é assim mesmo que se chama)
sim mensagens de autoajuda para todo mundo
ajudam alto a ajudar algum preço alto de um bolso imundo






(Homenagem ao intelectual mais importante do Brasil: Paulo Coelho)

meta


ensinar e aprender.
aprender e aprender.
aprender e ensinar.
para que

OUTRO

se não
partilhar
com
partilhar
com
dividir
com
trocar

?                              
                                         
- principalmente: nunca descansar.







retirar os personagens da parede...





Retirar os personagens da parede é se desnudar passando antes rente à pele as personagens que vesti. Ficaram todas aqui, mesmo sendo a pasta o fim das que não estão no espetáculo e todos os núcleos. Há que se guardar o que não se expôs, mas, viveu. E o que viveu não há poeira que apague. E mesmo entelhada as teias de aranha por sobre cada folha A4, o entelho das personagens que hoje faço somente são devido a todas, que me fizeram. Elas a mim, eu a elas. Retirar as folhas da parede é se vestir e revestir-se, desnudando.




Foto: Vanessa Elisa

(O espetáculo O Breu da Caçupemba - direção de Eris Maximiano - não partiu da dramaturgia pronta. Os personagens eram levantados no tablado e registrados num quadro de três núcleos (cidade, cabaré e política), na parede da sede da Cia Fulanos ih! Sicranos. Em quase um ano de processo, foram levantados uma média de 18 personagens por ator, além das 2h de música autoral e mais ou menos 4 horas de espetáculo! É aí, pedimos reforço a Nilton Resende que costurou e finalizou a dramaturgia... rsrs Esse é um momento de ao faxinar a sede, os personagens em folha A4 serem por mim, retirados da parede. Quer saber mais? http://migre.me/b8DzT)





barulhento e genioso

Engraçado é como os instrumentos se vingam quando não cuidamos deles, não acariciamos. São tantos que acabamos por não dá a atenção devida que eles merecem. Porque tem a musicalidade, as cenas, a voz, e tantas cositas mais... Mas como são ciumentos os instrumentos musicais! Vaidosos, se põem em vitrine e disputam sua adoção, querem ser únicos.
Quem mais se vinga de mim é o xequerê. Eu sei que tenho que entrar no tempo, acompanhar a zabumba, que a percussão é a alma e tal's! A teoria fica, mas o ir é a gente quem faz.
Pois um dia parei de fazer pois, vendo tantos erros repetitivos tirei só para olhar o xequerê. Tocava-o rente a pele do meu rosto e tentava  conversar mesmo com o instrumento ao meu lado. Eu sabia que era isso que ele queria. Como pode ser tão delicado esse barulhento? Como pode vir tanta paz desse barulho arretado?
Agora já sei: se vingou me vingo também. Dou carinho e pronto aos meus meninos instrumentos musicais! E se eu esquecer disso, avise-me alguém além deles! Porque se dividir nessa relação mútua/instrumental é cada vez alma: delicadeza, até quando é forte o toque que tenho que por. Pois então, ao ritmo "aprendizado" de ser: é força mas é paz! E como diz a Vanessa Elisa: o xequerê é um barulhento e genioso! E é mesmo... tal eu.

(15 de Março/2012. Prestes a estrear O Breu da Caçupemba - direção Eris Maximiano -, um espetáculo desafiador, onde tive que caída de paraquedas me iniciar na Música. Foto: Vanessa Elisa.)


os diretores

Os diretores deviam ouvir mais seus atores. Eles se acomodam por estarem vendo de fora e dizem: "Não me pergunte, faça.", quando esquecem que eles podem ver de fora e ter uma visão mais apurada, porém, quem vive a situação é o ator. Situação esta que o diretor premeditou somente, imaginou, mas não viveu. E mesmo que tenha vivido, o ator é um outro vivendo. Um outro ser que imprime outro sentido. É preciso perguntar sim, e obter resposta sim, resposta no sentido mais amplo. Caso contrário, o ator fará aquilo que não sente, a expressão triste do sentimento de tristeza que não sentiu. 








(Foto: Gilson Vilela. Íris Serrano no espetáculo Nós Nus e o Outros - 2010. Ainda ruminando as vivências do mini curso de cinema O Ator Imaginário, com Christian Duurvoort - Inesquecível.)

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

a reforma



a reforma acabou
e foi pra crescer a casa
mas vai ter que cortar é a mesa
a casa descaminhou
descreceu, desandou
e eu tenho cá com eu
que quando a gente elege gente nova
fica que nem que nem 'sa reforma...







teus cadernos

teus cadernos
todos escritos à mãos.
e tuas mãos
não sabem se livrar dos cadernos.
e os cadernos
preenchidos até a penúltima folha
viram multidão.
gritam teu nome
- que é o nome de tuas mãos.
gritam em tua casa
até que reformes tua casa.
para maiores e mais novos
cadernos cárceres.
voltem a ser das tuas letras.
abrigo.






(sobre os cadernos de Felipe Benício e a reforma da casa, a qual tenho certeza que foi devido ao excesso de livros e cadernos.)


hoje

aquilo que antes era flores no estômago hoje é geladeira.








oração

que esse ano,  - de sândalo

acabe.








(reflexão do dia 1º de Janeiro, onde após os fogos de artifício que brindava o 2012 um vento forte me trazia às narinas um cheiro enorme de sândalo, que só eu sentia. No outro dia, o primeiro motivo para sândalo. No outro dia, e desde então...)

eu, homem a mim: delas

arrumei mulheres a quem pudesse mandar flores, crônicas carpinejares, reforços de suas silhuetas... tudo o que gostaria de ganhar pra mim. só para que nelas provasse o sabor de recebê-las. e vê-las, e naquele instante tê-las, como um homem me tivesse ali. sendo eu mesma o homem que seria a mim, sendo delas...









terça-feira, 9 de outubro de 2012

certeza

e eu dizer com tanta certeza que a gente ia se ver novamente. sem saber onde, como ou se nessa vida. só a certeza...










domingo, 7 de outubro de 2012


Conectar-se à internet

é tropeçar numa pedra, bater com a cabeça no asfalto e ver abrir todas as gavetas que guardam ideias em nossas cabeças.

- memória curta.


Imagem: Marketing de Guerrilha, Google.


(reflexão a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)

o cartão

ele criou um ódio mortal do invisível cartão. tão mortal, que nunca mais me levou a sair. me restou então fazer convites invisíveis somente a mim...








do aborto

Do aborto:

- ser órfã do próprio filho.




(reflexão a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)

Triste

Malfadada
Funesta
Destitosa
Farta
Lúgubre e Infausta

- Tristeza farta é quando a palavra falta.




(reflexões a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)

amar


por que te assustas se te procuro
te beijo e só te quero beijar
me doo porque me quero doar
por beijar, por doar

por que te assustas se digo te amo
te amo e só te quero amar
por dizer, por amar
sem o também vir a ser
ou qualquer que estiver a esperar

amar e somente amar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

E come e dói-me deixar um poema pra fazer depois...







A ideia é ideal e eu ideiolizo assumida.







pra fazer desaprendices é preciso ser especialista em aprender








Queria saber o que estamos fazendo pra impedir que passemos 12 horas em uma fila que nos dê o carimbo de trouxas, eleitores alienados dando asas ao próximo que levará essa falsa democracia por mais algum período de roubo.
Queria saber o que estamos fazendo quando dentro do Estado em que vivemos não há nenhuma forma de incentivo à arte que praticamos mas típico apadrinhamento.
Queria saber o que estamos fazendo frente ao professor que nada sabe e tudo aplica e ao que sabe o que está fazendo além de infames greves que já não dizem nada.
Queria saber o que é greve e qual língua fala.
Queria saber qual é o papel do artista na sociedade e o que ele acha disso.
Queria saber o que estamos pensando deste e dos outros séculos que virão.
Queria ver o que é cidadania, respeito, humanidade e justiça.
Queria saber se estamos pensamos sobre tudo isso.
Queira saber se ao menos pensamos.
Queria saber porquê estamos falando tanto!
Metade
Da dor
É você.








E o que dizer dos amantes?
-Feitos para cometer erros.







Meus olhos. Fujo ou ataco.
- Com eles.








Por onde há estradas.
Ou até por caminhos sem elas.
Ando e não paro.








terça-feira, 2 de outubro de 2012

bicho andador

bicho andador dentro em mim
bicho anda dor adentro
bicho em mim que sou bicho

o bicho andador dentro em mim, parado não para. parada eu belisca a mim. corrói-me as paredes do quarto, do quadro e do quintal do tórax. chora. corre. circula meu sangue. anda em mim.





(reflexão a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)


a ponte

existe uma ponte sendo construída de dia para ser destruída à noite. destrutiva que é.
existe o outro dia de ré. reconstroem-na de dia e destroem na noite. desautores que são.
existe o faz. existe o reclama. e existe o lama. 
o outro que existe anda. em círculo, quadrado que é.
e a ponte?






(reflexão a partir da belíssima leitura de Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão - Editora Salamandra.)

a janela

a janela do lado de fora do Hotel Marambaia me fazia sorrir para fora o chorado lá dentro. E eu seguia, sol de bom dia, leite morninho; dia seguinte que sou.








 
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