do tempo

Do tempo:


- não dá para empurrá-lo.

Do suicídio

Do suicídio

- a comida que cai do garfo à caminho da boca.

para fazer o dia

Trabalhei pra danado
sa madrugada
foi fazendo o dia que agora nasce.

e pra quem num sabe
é preciso muita música
antes de mais nada.

é umas muita pitada, num sabe?
das cantoria dos pássaro

por isso que de noite eles tão tudo calado

trabalhando a noite toda pra trazer o dia
pra uma moça

É teu
É de todos

E agora eu me vou

que operário que sou
não posso parar

ainda falta terminar o sol
e tenho até meio dia...

nós da hora

nosso diálogo

tosco
camuflado
em todo um embaraço

nunca faremos paz nessa guerra que é nos armar a alma
amantes descontinuados
cegos
desencontrados

gelatinados
                 nesse
                           estranho
                                           caso

de casos

descasos

e discórdias manipuláveis

felicidades impecáveis
vidas traçando prazos
maiores embaraços
seguranças vãs

seguros vão de mãos dadas

o vão que os segue não acaba

o trem para

tudo passa

na contínua ampulheta revirada

 fracassado

sujeitado até a alma

suja-imagem

por fora disfarçada

im-per-do-á-vel esmola

o meu grito é incansável

mas não é o desenlace

dos teus nós

na tua hora

do afeto

Do afeto:

- Não lembrar de esquecê-lo.

o belo

o belo de branco
é belo
é branco
o belo
o azul no branco se encontra
e é belo
e branqueia horizontes
e pretos são
os olhos pretos dela
a preta no branco
é bela
o branco na preta
é dela
é ela
o branco
e o belo
é ele
o zoom
e a retina dos olhos deles
é reflexo
é arco íris

canto do olho

descobri

um canto no olho onde a lágrima finge sorrir
e assim não cai

descobri

porque achei uma lágrima que fincou ali
e até hoje não sai

Imagem: pesquisa livre Google.