terça-feira, 7 de junho de 2011

as roupas

Eu abri o guarda-roupa. Lá estavam elas, minhas roupas preta-à-porter. Com qual eu iria hoje? Tirei uma a uma. E vesti todas elas. Fiz combinações de peças, harmonia de cores, coloquei os sapatos. Elas diziam que não queriam sair comigo. Faziam caretas a mim. Joguei todas pelo quarto, em cada parte tinha uma cara de modelo e cor diferente me dizendo um NÃO grande, amassadas por cima dos móveis a la Salvador Dali. Estava atrasada cada vez mais. Era aula e era sexta. Eu queria te ver. Minhas roupas queriam te ver. Eu me aproximando toda a convite e você aí, de bobeira a você. E o Caio Fernando Abreu falando no meu ouvido sem parar: "Sozinho em casa. Sozinho na cidade. Sozinho no mundo." Cala a boca, Caio! Eu já sei demais esse fim! E essas roupas que agora preenchem o quarto ocuparão a casa, a cidade, meu mundo mudo. Haverá cores, modelos, estampas, misturas... tudo! E as combinações? Inúmeras possibilidades! Nunca faltará acessórios, sempre a embelezar. Será sempre moda. Sempre roupa falando, vestindo, rindo. E nunca mais solidão. No mundo colorido das roupas. Porque quando se está só até as roupas falam.

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